A estratégia de convencer seu vice Rodrigo Garcia a migrar do DEM para o PSDB tirou o partido de ACM Neto da mesa de negociações com João Doria (SP) para 2022, o que tende a isolar o governador de suas negociações políticas para a campanha presidencial.
A leitura é do próprio presidente do DEM, ACM Neto, que diz ao Painel que Doria já havia sido avisado em reuniões das consequências dessa estratégia caso decidisse prosseguir com ela.
Nesta sexta-feira (14), Garcia oficializou sua troca de sigla.
O presidente do DEM diz que deseja que a dobradinha histórica do DEM com o PSDB seja mantida e que se esforçará nesse sentido, mas que encara o partido e Doria separadamente.
“Não queremos que o individualismo, a postura e os erros de condução política cometidos pelo governador João Doria comprometam a relação histórica que os partidos têm em nível nacional e estadual. Vamos continuar conversando com o PSDB sobre as eleições. O partido terá toda a disposição de diálogo e construção conjunta. Porém, esta conversa não passa pelo governador João Doria. O DEM não tem nenhuma disposição de discutir 2022 com João Doria”, afirma.
ACM Neto diz que Doria vinha fazendo pressão para que Garcia trocasse de sigla.
“Tentei ponderar várias vezes com o governador, argumentando que era um erro estratégico. O PSDB de SP estava desconsiderando o fato de que o DEM sempre esteve ao lado deles. Estivemos ao lado de Doria nas eleições de prefeito e de governador. Nacionalmente também. Forçar um quadro do DEM a ir para o PSDB é altamente incompatível com essa história. Uma postura altamente individualista, na minha opinião, fruto de projeto pessoal do governador, que desconsidera que o momento é de unir, e não desagregar”, continua o presidente do DEM.
Doria disputará as prévias do PSDB em outubro para tentar ser oficializado como candidato presidencial do partido. Chegar à disputa com a preterição do DEM seria um peso negativo para o governador.
“Não tenho dúvida de que foi um cálculo errado. Isso o isola ainda mais. Ele está longe de ser unanimidade no PSDB e amanhã ou depois, ainda que seja escolhido pré-candidato, limita muito o espaço dele de construção política, já que com o aliado histórico ele não terá nem clima para conversar”, diz o ex-prefeito de Salvador.