Responsável pela formulação de propostas econômicas do PT para 2022, o ex-ministro Aloizio Mercadante diz ver que o papel dado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, ao Estado para a promoção do bem-estar social e o crescimento da economia tem uma clara inspiração nos mandatos do ex-presidente Lula.
O presidente norte-americano já anunciou um pacote de US$ 1,8 trilhão para ampliar o acesso à educação e à saúde, se comprometeu a criar empregos e a fortalecer a classa média. Biden também diz que pretende financiar parte de seus projetos com o aumento de impostos sobre os mais ricos.
“Tem vários pré-candidatos [a presidente] dizendo que querem ser o Biden brasileiro. Mas o que a gente verifica é que o Biden está fazendo um imenso esforço para ser o Lula americano”, diz o ex-ministro petista e presidente da Fundação Perseu Abramo à coluna.
Mercadante cita como exemplo os programas de distribuição de renda dos governos petistas, o investimento público empenhado para a superação da crise financeira iniciada em 2008 e a quebra de patentes de medicamentos para o combate à Aids —a qual compara à decisão do governo americano, no início deste mês, de apoiar a suspensão de patentes de vacinas contra a Covid-19.
“O [Barack] Obama já disse ‘você é o cara’ [para o ex-presidente petista]. Acho que faz tempo que ele [Biden] está olhando pro Lula”, segue Mercadante.
Como noticiado pela coluna, Lula está recomendando o discurso do presidente norte-americano Joe Biden sobre seus primeiros cem dias de governo para diversas lideranças políticas. Ele está entusiasmado com o fato de Biden quebrar o tabu em torno da participação forte do Estado e destravar o debate sobre o tema.
Tendo ocupado o cargo de ministro da Educação no governo Dilma, Mercadante se queixa à coluna sobre o fato de o governo Jair Bolsonaro ainda não garantir se vai aplicar provas do Enem neste ano.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) não definiu o cronograma da prova por questões orçamentárias e também logísticas, devido à epidemia do coronavírus, e não descarta aplicar apenas no início de 2022 edição que deveria ocorrer em 2021.
“Ao inviabilizar o Enem, o governo penaliza os estudantes da rede pública e quebra um ciclo de formação de forma injustificada”, afirma Mercadante, que também cita o corte de verbas para universidades federais. “É um projeto de desconstrução da educação pública que vem ocorrendo desde o início da gestão, com consequências cada vez mais dramáticas”, diz.