O governo de Alberto Fernández gerou um fato inusitado nesta semana. Por meio de uma resolução, as montadoras instaladas na Argentina foram informadas de que deveriam aumentar a produção de veículos no país até atingir a capacidade máxima instalada.
O objetivo é contornar o desabastecimento no mercado interno, e as empresas podem sofrer sanções previstas em lei caso não sigam o que foi determinado.
A atitude comprova: sempre que governantes da América do Sul dão seus pitacos ou tentam intervir na indústria por meio de canetada, expõem desconhecimento sobre o tema.
Montadoras interrompem a produção mundo afora devido à falta de componentes e ao aumento nos preços dos insumos. No Brasil, carros nacionais têm filas de espera que beiram os seis meses.
Além da escassez de peças, há a necessidade de reduzir o número de funcionários por turno para aumentar o distanciamento nas linhas de montagem. Essa prática influi no volume de produção.
Não é diferente no país vizinho, onde são produzidos alguns dos carros mais vendidos do Brasil. Um executivo do setor automotivo diz que as exportações para o nosso país “são o ar que o governo argentino respira.”
As empresas de lá se viram como podem. A Peugeot tenta acelerar a produção do novo 208 em El Palomar –a fábrica tem operado em dois turnos inclusive aos sábados. A Volkswagen segue o mesmo caminho para dar conta da distribuição do novo SUV Taos, produzido em General Pacheco. O modelo deve ser lançado em maio.
A Toyota vinha conseguindo manter bom ritmo em Zárate, onde é feita a picape Hilux. Mas de acordo com o site Argentina Autoblog, a fabricante japonesa tem sofrido com o aumento de casos de Covid-19 entre os funcionários.
Apesar de todos os problemas, o governo argentino acredita que a escassez de produtos no mercado interno é “injustificada”, conforme menciona na resolução publicada nesta semana.